Skip navigation (Press enter)

Primeira jogadora mulher no Topo da LATAM diz: “Os insultos e o hate que recebemos apenas por sermos mulheres é o maior problema”

O SigeGG conversou com Miranda logo após a sua estreia no topo do competitivo do BR6 2021 para saber o que ela pensa sobre se tornar a primeira mulher a conseguir tal feito na região.

Rafaela “Miranda” Miranda teve até aqui uma jornada incrível no cenário e ela está longe de terminar, ela já se tornou parte da história do competitivo de Siege como a primeira mulher a jogar no mais alto nível da região da América Latina. 

Após Vinicius “Vnx” Mello sofrer com uma doença, ele ficou incapaz de jogar no sétimo e oitavo dia de competição no Stage 1 do BR6 deste ano. Mas enquanto isso seria um problema para um time sem um jogador substituto, a INTZ estava em boas mãos.

INTZ: Vnx Unable to Play Due to Health Issues, Miranda to Stand-in

O elenco do Circuito Feminino ficou mais do que feliz em emprestar Miranda para o time principal do BR6, fazendo assim com que ela fosse a primeira mulher a jogar no topo da Região LATAM.

Com apenas dois dias de treinos, a INTZ começou a Semana 4 com estilo. O time da FURIA que estava rumo ao Six Invitational foi cobrado ao máximo no tempo regulamentar, sendo capaz de vencer apenas por 7-5. Miranda, jogando sua primeira partida nesse nível, terminou com o rating mais baixo da partida com 0.48, mas conseguiu realizar um plant e um clutch 1v1.

Sua segunda partida, disputada no dia seguinte, foi muito melhor e uma grande surpresa. Um dos melhores times da região, a FaZe Clan, era a favorita para vencer com facilidade contra uma INTZ com pouca prática. Mas os azarões revidaram, levando a partida por 7-5 com a Miranda terminando com um rating de 0.85 -- apenas 0.01 atrás de João “DRUNKZZ” Giordano.

As estatísticas da vitória de 7-5 da INTZ sobre a FaZe Clan no Stage 1 do BR6 2021.

Enquanto a sua breve jornada no topo do Siege está em pausa, foi uma oportunidade valiosa para Miranda e prova ainda mais -- após Lauren "Goddess" Williams na América do Norte e Kaya "Loona" Omori na APAC -- que as mulheres são mais que capazes de jogar de igual para igual com os homens no Siege.

O SiegeGG conversou com a Miranda logo após sua estréia para saber mais sobre como ela se sentiu fazendo parte da história e jogando suas primeiras partidas no topo.

Bem-vinda ao topo do Siege na LATAM! Como você está se sentindo nesse momento?

Muito obrigada! Eu estou me sentindo muito bem e muito orgulhosa de mim mesma, eu nem acredito que tudo isso aconteceu.

Nos conte mais sobre você e sua jornada nos jogos e nos esports!

Eu sempre joguei videogames, comecei com ⅞ anos, joguei bastante com o meu irmão mais velho e acabou virando um hobby, e agora é a minha carreira.

Como você começou no Rainbow Six e depois ainda competir no Rainbow Six?

Comecei cedo, no PS2 onde conheci os jogos de FPS. Depois disso eu joguei COD, quando o R6 lançou no PS4 eu joguei mas parei no ano 2. Em agosto de 2020 eu voltei com a mentalidade de virar profissional. Em dezembro eu conheci as meninas e consegui uma vaga no competitivo e é isso!

Como aconteceu a assinatura com a INTZ e como você se sentiu depois?

Nós conseguimos assinar com eles logo após os qualifiers em fevereiro. Eu fiquei muito orgulhosa de nós.

Infelizmente, ser mulher no mundo dos games vem com desafios. Quais são alguns dos obstáculos que você enfrentou dentro e fora desse universo em busca de uma carreira dos esports? Teve algum problema específico do Brasil em termos de aceitação cultural? 

Nós mulheres sofremos muito com o machismo e com o sexismo quando entramos nesse “mundo dos homens”. Eu não diria que é um problema apenas no Brasil, eu sei que mulheres ao redor do mundo têm que lidar com isso. Ataques nas rankeds, chats em streams, eu pessoalmente tento ignorar tudo de negativo e focar apenas no positivo.

Como tem sido para você treinar e jogar no Circuito Feminino?

Tem sido ótimo. No começo tivemos problemas com alguns dos outros times femininos que se classificaram, que conseguiram nos atingir metalmente, fomos atacadas dentro da nossa própria “comunidade”. Mas aí a INTZ se prontificou e nos ajudou no aspecto psicológico de tudo isso, nós agora somos mais fortes e ninguém vai nos deter.

Você é talvez a única pro no mundo que tem a experiência de jogar tanto nos jogos femininos quanto nos masculinos. Quais são as principais diferenças?

A maturidade na partida e o estilo de jogo. Eu tenho a impressão que os homens são mais inteligentes e agressivos nos seus jogos enquanto as mulheres tendem a depender mais de utilidades e menos em skill bruta.

Como você se sentiu jogando sua primeira partida desse nível, contra uma forte FURIA e no meio de jogadores de alto nível da INTZ no BR6?

Eu estava muito nervosa mas no final eu me sinto muito agradecida.

Como foi a integração com o time? Você conseguiu treinar bem com o time antes da partida contra a FURIA?

Nós tivemos apenas 2 dias de treino, foi bem puxado.

Como foi a atmosfera do time para você, chegando em um elenco fechado não apenas como uma substituta, mas também como a primeira mulher a competir nesse nível?

Foi algo pioneiro, eu fiquei muito orgulhosa da posição que me foi dada.

Conte para a gente sobre aquele Round 11, plant de defuser e o clutch 1v1 contra a FURIA! O que passou na sua cabeça, como foi a comunicação e como você lidou com tudo?

Eu consegui ficar calma e manter o foco nas calls que o time me dava, eu dei o meu melhor para ganharmos aquele round. Adrenalina pura! 

Enquanto o Brasil obviamente tem os torneios femininos já faz algum tempo, porque você acha que ainda não tivemos outras mulheres competindo nesse nível?

Apenas falta de oportunidades e sexismo. Uma garota pode ser a melhor, e eu conheço algumas, mas ela não é chamada para um time, Tier A ou B.

Você concorda com a existência de um torneio Feminino separado? Por que ou por que não?

Eu não concordo nem um pouco, pois eu acho que nós temos as mesmas capacidades que os homens. Mas olhando pelo lado do sexismo, eu entendo porque nós precisamos do nosso próprio espaço.

Qual é o maior obstáculo para outras mulheres como você entrarem nos esports de Rainbow Six?

Os insultos e o hate que recebemos apenas por sermos mulheres é de longe o maior problema.

Qual é o próximo passo para você? O quão valiosa foi essa experiência para você e isso te ajudou a ganhar confiança em você mesma e no seu time Feminino da INTZ?

Daqui para a frente eu vou focar em dar o meu melhor profissionalmente e melhorar ainda mais. Tenho certeza que isso irá refletir em muitos jogadores e jogadoras de forma positiva. Meu time e eu estamos ainda mais confiantes e felizes.

Qual conselho você daria para outras que irão te usar como exemplo e querer seguir os seus passos?

Apenas que não desistam. Muitos irão tentar de colocar pra baixo, falarão que isso não é para você, mas não deixe isso te abalar!

A única pessoa responsável pela sua história é você mesma. Apenas lute e seja orgulhosa como a mulher que você é!!

---

Veja Miranda e o elenco da INTZ Academy em ação no Stage 4 do Circuito Feminino 2021 quando ele voltar em Julho e fique de olho aqui no SiegeGG para mais conteúdo, estatísticas, stats e cobertura.

SiegeGG is supported by its audience. When you purchase through links on our site, we may earn an affiliate commission. Learn more about how readers support SiegeGG.